Foi por isso que entrei para um partido. Por medo, sim — mas também por coragem. Pela vontade de fazer frente a essa onda escura que quer engolir tudo o que é diferente, tudo o que é livre.
Não entendo o que se está a passar no mundo. Não entendo como, perante tantas opções, tantas vozes diferentes, tantas propostas mais humanas, continuamos a escolher os extremos. Como é que, sabendo que os extremos — de qualquer lado — nunca trouxeram paz, continuamos a alimentar o ódio e a discórdia?
Não é este o mundo que quero viver. Muito menos o mundo que quero deixar para quem vem depois.
Sinto-me derrotado hoje. Mas mesmo assim, quero ser esperança para alguém. Quero que, daqui a uns anos, alguma pessoa mais nova olhe para trás e me veja como um símbolo de resistência. Não por vaidade. Não por ego. Mas porque eu também precisei desses símbolos. Precisei do Pedro HMC, do Francisco Soares (o kikoishot), da Cristina Rodrigues (La Veneno), da Rupaul. Precisava deles para acreditar que era possível existir, resistir e, sobretudo, viver com orgulho.
Se agora sou eu quem carrega essa tocha, que assim seja. Mesmo que doa. Mesmo que me custe. Porque se há algo que aprendi com eles, é que vale sempre a pena lutar por um mundo mais justo.
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